quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Suplementação com ferro elementar e outras vitaminas

 

Anemia por deficiência de ferro e necessidades vitamínicas

          

A prevenção da anemia por deficiência de ferro é particularmente importante no seguimento clínico do paciente prematuro, devido a participação do ferro com o neurodesenvolvimento. Atualmente temos diferentes recomendações conforme descrito abaixo:
A Sociedade Brasileira de Pediatria (2018) recomenda que a oferta de ferro elementar varie de acordo com o peso ao nascer. Porém, quando o lactente estiver em uso de fórmula láctea, deve ser descontado a quantidade de ferro elementar contida no volume que está sendo oferecido.
A partir dos 30 dias até um ano de idade: 
·         Nos prematuros com peso de nascimento(PN) > 1500g – 2mg/kg/dia
·         Entre 1500 e 1000g                                 - 3mg/kg/dia
·         PN < 1000g                                         - 4mg/kg/dia
        Após um ano de idade em todos os prematuros, independente do peso ao nascer, a dose deve ser reduzida para 1 mg/kg /dia até completarem os dois anos1.
            No entanto, segundo a Revisão Cochrane, não existem evidências que apontem para os benefícios hematológicos de doses maiores que 2 a 3 mg/kg/dia. Melhores evidências são necessárias para definir o período ideal para início do tratamento (alguns estudos sugerem melhora dos parâmetros hematológicos quando a suplementação é feita após 8 semanas) assim como para a duração do mesmo19.
            A ESPGHAN(Sociedade Européia de Nutrição, Gastroenterologia e Hepatologia) recomenda suplementação de ferro elementar em prematuros com PN entre 1000g e 1800g, na dose de 2 a 3 mg/kg/dia, começando entre 2 a 6 semanas de vida, ou 2 a 4 semanas de vida para os bebês com PN< 1000g, embora eles não definam uma dose específica para esta faixa de peso20 .
            A Academia Canadense de Pediatria recomenda, para lactentes com PN < 1500g, a oferta de ferro suplementar na dose 2 a 3 mg/kg/dia ou de 4 a 6 mg/kg/dia no caso de suspeita de deficiência de ferro21.   
            A Academia Americana de Pediatria, em sua última publicação, recomenda a oferta de 2 a 3 mg/kg/dia (de ferro total, incluindo o aporte na fórmula láctea, quando for o caso) para a população de prematuros, sem especificação de faixa ponderal ao nascer. A recomendação reforça que o leite de vaca integral não deve ser usado antes dos 12 meses, e que entre 6 e 12 meses, a alimentação complementar deve ser rica em ferro; o que vem sendo reiterado pelo Ministério da Saúde e pela SBP22.
O monitoramento laboratorial para ajuste da dose deve ser feito às 40 semanas ou 2 meses (o que ocorrer primeiro ou mediante estado clínico do paciente), 4, 6 e 12meses, com hemograma completo, contagem de reticulócitos e ferritina.1,23.  Outros marcadores podem ser utilizados (saturação de transferrina, dosagem de ferro sérico entre outros), porém a ferritina é um marcador de depleção e não de deficiência. O valor a ser considerado é acima de 30 ug/dl, sendo que valores inferiores a 15 ug/dl indicam deficiência grave de ferro. É importante que as doses prescritas para o paciente prematuro estejam de acordo com a gravidade do seu estado clínico e/ou de sua história neonatal, monitorando laboratorialmente a resposta ao tratamento e ajustando a dose sempre que necessário. Além da intervenção medicamentosa, é igualmente importante orientar a oferta de alimentos com alto teor de ferro quando da introdução da alimentação complementar.
 A suplementação vitamínica é feita com base nas doses de vitamina A (2000 a 4000U) e de vitamina D(400 a 800 U) durante o primeiro ano de idade corrigida.
A suplementação com Zinco traz benefícios para a função imune, melhora  a defesa antioxidante e proporciona melhor crescimento e desenvolvimento.  Deve ser iniciada a partir da 36a semana de idade corrigida por 6 meses com 0,5-1 mg/kg /dia por via oral. A solução deve ser formulada a 10mg/ml de sulfato de Zinco e adicionada à oferta alimentar18.

Referências bibliográficas:

1- Sociedade Brasileira de Pediatria. CONSENSO SOBRE ANEMIA FERROPRIVA: MAIS QUE UMA DOENÇA, UMA URGÊNCIA MÉDICA!. Disponível em:https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21019f-Diretrizes_Consenso_sobre_anemia_ferropriva-ok.pdf.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.